quarta-feira, 12 de maio de 2010

NOSSO LIXO - Problema de Todos, Solução para Muitos.


NOSSO LIXO
Problema de Todos, Solução para Muitos.

Introdução


O destino dos resíduos produzidos pelas famílias e empresas, aos quais nos referimos como LIXO, se constitui num dos grandes problemas da atualidade. Em estudo realizado pela CEMP – Compromisso Empresarial para Reciclagem vemos que o Brasil, já tem feito algo em favor do destino dos resíduos como mostra os dados a seguir:



 Aproximadamente 1,5 % do lixo sólido orgânico urbano. Dos 900 mil metros cúbicos de óleo lubrificante consumido anualmente, 18% é refinado 15% da resina PET10% das 300 mil toneladas de sucata disponíveis para obtenção de borracha regenerada 15% dos plásticos rígidos e filmes,
o que equivale a 200 mil toneladas por ano 35% das embalagens de vidro, somando 280 mil toneladas por ano, incluído aqui o resíduo pós-industrial (Pré-consumo) 35% das latas de aço, o que equivale a cerca de 250 mil toneladas / ano 64% da produção nacional de latas de alumínio 71% do volume total de papel ondulado 36% do papel e papelão, totalizando 1,6 milhão de toneladas de produto reciclado. O Brasil recicla cerca de 73 % de seu alumínio, de acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (ABAL); 37,5 % do papel, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Papel e Celulose (ANFPC); 35,9 % do vidro, de acordo com a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (ABIVIDRO); 18 % do aço, de acordo com o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS); 15 % do plástico, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados (ABIQUIM).
Embora tenha se feito algo, fica claro que ainda há muito que se fazer.
Em um breve estudo que realizei na cidade de Belo Horizonte que esta localizada na região centro-sul do estado mineiro onde o clima predominante é o tropical de altitude e que de acordo com estimativas de 2009, sua população é de 2.452.617 habitantes na região central, sendo a sexta cidade mais populosa do país e sua região metropolitana é formada por 34 municípios que possuem em um todo, uma população estimada em 5.397.438 habitantes é a terceira maior aglomeração populacional brasileira, a sétima da América Latina e a 62º maior do mundo. Suas principais atividades econômicas são Serviços que representam 83,12 % e Indústria com 16,88%. Belo Horizonte hoje é um dos maiores centros financeiros do Brasil, é caracterizada pela predominância do setor terciário em sua economia. Mais de 80% da economia do município se concentra nos serviços, com destaque para o comércio, serviços financeiros, atividades imobiliárias e administração pública. Segundo dados do IBGE, o setor agropecuário representou apenas 0,0005% de todas as riquezas produzidas na cidade. O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano cresceu 7,11% em nove anos, passando de 0,759 para 0,813. Porém, o aumento não foi suficiente para reduzir as desigualdades na região metropolitana o que afeta diretamente e indiretamente na conscientização da população sobre o tema que será abordado.
Este trabalho tem como objetivo diagnosticar a situação do lixo produzido na cidade, a partir de pesquisa realizada no período de 08/03 a 19/03/2010.
Em Belo Horizonte a empresa SLU – Superintendência de Limpeza Urbana é a responsável em realizar os trabalhos para mensurar a quantidade de resíduos produzida por dia. Estima-se, que sejam produzidas 4.200 ton/dia, sendo 27% que correspondem a 1.134 ton/dia de materiais recicláveis, 65% que correspondem a 2.730 ton/dia de resíduos orgânicos e 8% que correspondem a 336 ton/dia de resíduos de rejeitos. Aderindo ao principio de preservação e recuperação do meio ambiente, a SLU adotou a tecnologia do aterro sanitário, que teoricamente já esta com sua capacidade esgotada, pois, recebe cerca de 4.200 ton/dia o que já esta comprometendo o seu funcionamento correto. Para se ter uma idéia no início do ano de 2009, o local recebeu uma quantidade 40% acima do esperado com isso existem estudos que mostram que a capacidade já esta esgotada.
A CTRS - Central de Tratamento de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte ocupa uma área de 132 hectares e recebe cerca de 4.200 ton/dia de resíduos sólidos urbanos, provenientes de uma população aproximada de 2,5 milhões de habitantes. O Aterro Sanitário teve suas atividades iniciadas em 1975 e, durante 14 anos, funcionou como aterro convencional, passando o energético em 1989 e Celular em 1995, quando a área de aterragem foi dividida em células para a utilização da técnica de recirculação de chorume para acelerar a decomposição da fração orgânica dos RSU. No entanto, o emprego desta técnica foi interrompido em 2001 e o aterro voltou a funcionar como um aterro convencional. A sua localização e ao lado da BR-040, km 2, no sentido Belo Horizonte - Brasília, na Regional Noroeste do município de Belo Horizonte, limite com o município de Contagem.
Cerca de 65% dos resíduos da fração domiciliar e convencional de Belo Horizonte são caracterizados como matéria orgânica. O programa de compostagem prioriza a coleta diferenciada deste resíduo nas grandes fontes geradoras que são os supermercados, sacolões, feiras e etc. e o produto final e utilizado em hortas escolares e comunitárias, parques e praças de Belo Horizonte.
Cerca de 40 % dos resíduos gerados diariamente em Belo Horizonte são de entulho da construção civil. Existe um Projeto de Reciclagem de Entulho que objetiva promover a recuperação da qualidade do Meio Ambiente Urbano e gerar material a baixo custo. Foram instaladas 02 (duas estações de Reciclagem de Entulho que processa cerca de 360 ton/dia.
Em Belo Horizonte hoje não existe uma lei municipal que estabelece a coleta seletiva do lixo, entrei em contato com o Sr. Henrique Coelho que é o responsável pelo atendimento aos cidadãos na Câmara Municipal de Belo Horizonte sobre o motivo de não existir uma lei municipal sobre a Coleta Seletiva em Belo Horizonte, a resposta foi que a Câmara e seus componentes estariam em estudo para que de uma forma mais detalhada pudesse criar a lei de uma forma mais abrangente e que não fira a constituição e não se sobreponha sobre outras leis vigentes. Em resposta me foi passado o edital de uma complementação da LEI Nº 2.968, (03 de agosto de 1978 Aprova o Regulamento de Limpeza Urbana de Belo Horizonte) essa complementação foi implantada a partir de 2002 pela prefeitura e teve inicio em 2007 com a terceirização no contrato SLU/DR.JUR Nº 1071/036/07.
O COMAM – Conselho Municipal do Meio Ambiente que atua no município e é legalmente reconhecido. Foi criado pela LEI Nº 4.253 de 4 de Dezembro de 1985 com Retificação em 15 de Fevereiro de 1986 que Dispõe Sobre a Política de Proteção do Controle e da Conservação do Meio Ambiente e da Melhoria da Qualidade de Vida no Município de Belo Horizonte.
A Coleta seletiva no município é feita por várias cooperativas de catadores de materiais recicláveis dentre as quais podemos citar: ASMARE (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte), ASSOCIRECICLE (Associação dos Recicladores de Belo Horizonte); COMARP (Comunidade Associada para Reciclagem de Materiais Recicláveis da Região da Pampulha); COOPEMAR (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Região Oeste de BH); COOPERSOL Venda Nova (Cooperativa Solidária de Trabalhadores e Grupos Produtivos de Venda Nova) e COOPERSOLI (Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região). Vale enfatizar que a Asmare reúne atualmente 380 catadores, sendo a experiência reconhecida internacionalmente. As outras organizações juntas agregam 170 pessoas. Estima-se que existam hoje em Belo Horizonte 72.889 famílias, sendo que somente a ASMARE atenda em média 550 famílias. O numero de famílias que participam do programa da ASMARE de coleta seletiva chega hoje a 60 que conseguem recolher em média 295 ton/dia de resíduos recicláveis. As cooperativas utilizam este material recolhido em diversas áreas como a própria venda, na reutilização e na criação de artesanatos. A título de referencia, cada catador da Asmare, hoje recebe R$ 350,00 por mês.
Conversei com a Sra. Olzira Pereira da Silva, de 58 anos que catadora na região de Venda Nova e lhe perguntei sobre o seu trabalho e a opinião dela sobre o trabalho de reciclagem e conscientização das pessoas para o assunto do lixo. Ela me disse o seguinte: Antes não tinha renda, pois não tinha estudo e o marido a abandonou com 5 filhos, mas hoje com a Cooperativa ela retornou o gosto de viver e até mesmo de estudar, disse que conheceu pessoas que como ela foram discriminados pela sociedade pelo fato de recolher o lixo das outras pessoas, mas que agora estão cientes da sua importância na sociedade. Disse ainda que com a renda obtida pelo trabalho na Cooperativa faz as compras de casa e aprendeu a fazer muitas peças de artesanatos com as garrafas pet o que lhe rende um dinheiro por fora. Disse que é muito importante que todos comecem a se preocupar com o lixo, pois ela ver todos os dias “um mundo de lixo” a sua frente e pensa: “Meu Deus, se não fosse gente como a gente para onde iria esse lixo todo”.
Essas famílias contam também com programas sociais como, por exemplo, o Programa Fome Zero do Governo Federal que atingi de forma indireta cerca de 1.500 pessoas. Possui parcerias com a prefeitura e diversas organizações como Fundação Banco do Brasil, Belgo Mineira, Mendes Junior, Semad, Cemig, Pastoral de Rua da Igreja Católica, entre outras. O trabalho da associação permite a inclusão social e contempla 250 associados que recebem cursos de capacitação para coleta seletiva e aulas sobre relações e legislação no trânsito, empreendimento social e qualificação profissional. Além disso, a ASMARE exige que os filhos dos associados estejam matriculados na escola e realiza projetos de acompanhamento sócio-pedagógico e arrecada recursos para aquisição de material escolar. A própria SLU – Superintendência de Limpeza Urbana possui um projeto de resgate da cidadania, promovendo eventos sócio-culturais e recreativos, onde vários grupos artísticos criado na empresa têm oportunidade de se apresentarem mostrando a sua arte. Dentre ele podemos destacar: Coral Reciclar, Dance Limpeza, Garis Estrelas além de Pintores e Escultores que fazem todas as artes com matérias reciclados.
Com estas importantes e valiosas informações em mãos, resolvi conversar com algumas pessoas sobre a coleta seletiva em suas vidas, se acham importante, se já ouviram falar, se o fazem dentre outros questionamentos e a resposta foi assustadora.
O Sr. Antônio (não falou o sobrenome) de 49 anos, açougueiro que mora na região norte de Belo Horizonte me disse que tudo isso é uma bobeira e que tudo não passa de uma forma que o governo e as empresas acharam para ganhar mais dinheiro do povo, disse que o trabalho de separar o lixo é da prefeitura e não o dele, disse ainda que quando joga algo no chão ele esta contribuindo para o emprego dos garis.
Já o Sr. Carlos Augusto Pacheco de 28 anos, analista e que mora na região central de Belo Horizonte disse que na medida em que pode, ele realiza a sua separação do lixo em sua casa, separa as garrafas pet´s e dar para um amigo que as reutiliza para armazenamento de produtos diversos, separa as latas de alumínio e entrega aos catadores de latinha, separando sempre os restos de comidas para a utilização em sua horta, disse que ainda tem muitas dúvidas sobre o assunto e acha que os governantes estão se empenhando para esta causa, mas que na opinião dele deveria ser algo mais individual e não coletivo citando as propagandas, disse que conhece poucas pessoas que fazem a separação dos resíduos, mas acredita que esta fazendo a sua parte.

Jackson Duarte

2 comentários:

Sophi Mirelle disse...

Muito interessante, eu preciso de um vídeo que mostre esses bons exemplos sobre destinação dos resíduos da construção civil vc acha que pode conseguir um video pra mim? eu sei que ai em BH tem um usina de reaproveitamento de entulhos, se vc conseguir pra mim nossa, vou ficar te devendo uma!

vlw beijos... Mi

Anônimo disse...

o lixo orgânico muias pessoas vão ter que tomar cuidados, mais palavras nao descobrem oque demos fazer com o lixxo orgânico